Crux na Caixa

Zine Voador
8 min readMar 27, 2021

tutorial por João Eduardo Fonseca, Tatá Trivério e Stefanie Araujo (Grupo Mobius)

Introduções e Ilusões do que vemos no Céu

Olhar para o céu noturno é viajar no tempo. Vemos estrelas que nossos antepassados viam e usavam para demarcar o tempo, orientar suas viagens pelo mundo e, em especial, para contar histórias. Pedaços do céu trazem causos que nos ensinavam a conviver e nos convidam a lembrar, a aprender.

Agora, experimente observar o céu à noite: as estrelas parecem estar a mesma distância de nós, não parecem?

Depois de muito observar o céu entendemos duas coisas muito importantes: as estrelas que vemos de noite são parecidas com o Sol que ilumina nossos dias e todas elas estão a diferentes distâncias da Terra.

Uma das constelações mais conhecidas aqui no Brasil é o Cruzeiro do Sul. Ela é uma constelação composta por 5 estrelas visíveis a olho nu: quatro delas formam uma cruz quase perfeita e a quinta, nos ajuda a identificar o Cruzeiro entre tantos grupos de estrelas que vemos no céu.

Nessa atividade vamos aprender a montar o Cruzeiro do Sul em uma caixa, como o veríamos se pudéssemos viajar pelo espaço ao redor deste conjunto de 5 estrelas.

Figura 1 — Você consegue identificar o Cruzeiro do Sul na foto acima? Dica: Ele está deitado. (fonte: “Coalsack” por Martin Bernardi está licenciado por CC BY-SA 4.0).

Materiais necessários:

  • Sugestão: 1 caixa de papelão (com as abas da tampa) com o seguinte tamanho: 500 mm x 300 mm x 220 mm
  • 5 fios de nylon (linha de pesca) bem fino e incolor com 1 metro de comprimento cada.
  • 5 miçangas esféricas e perfuradas de 8 mm
  • 5 clipes de papel bem pequenos
  • Fita adesiva transparente
  • 1 Estilete — AVISO: PEÇA A AJUDA DE UM ADULTO PARA USAR ESTILETE
  • 1 Régua de 300 mm (30 cm)
  • 1 Lápis
  • 1 Marcador permanente (canetinha)
  • 1 Palito de dente
  • 1 grampeador para juntar as abas da caixa

Substituições possíveis:

Usando o modelo com as medidas propostas nesta receita, o tamanho mínimo da caixa que precisamos usar é: 400 mm x 200 mm x 200 mm;

Os fios de nylon podem ser substituídos por linha de empinar pipa ou linha de costura;

Os clipes de papel podem ser substituídos por palitos de dentes;

Figura 2 — Materiais.

Preparação:

A caixa tem 6 lados, considerando os lados que têm as abas que abrem e fecham. Chamaremos cada um dos lados da caixa de face.

As faces formam pares que tem as mesmas medidas. Para facilitar a montagem, vamos escrever os nomes das faces na caixa perto dos cantos onde as faces da caixa se encontram. Para identificar facilmente as faces da caixa, vamos montá-la sem grampear ou colar nada.

Figura 3 — Caixa pré-montada (esquerda) e com os nomes escritos nas faces (direita)

FRENTE: no lado da caixa com medidas 220 mm (base) x 300 mm (altura)
COSTAS: no lado oposto à frente (mesmas medidas da FRENTE)

TOPO: no lado da caixa com medidas 220 mm x 500 mm
FUNDO: no lado oposto ao TOPO (mesmas medidas do TOPO).

LATERAL DIREITA: no lado da caixa com medidas 500 mm (base) x 300 mm (altura)
LATERAL ESQUERDA: no lado oposto à LATERAL DIREITA (mesmas medidas da LATERAL DIREITA)
As laterais esquerda e direita são as faces da caixa que têm as abas que abrem e fecham.

Antes de montarmos a caixa em definitivo, vamos desenhar linhas nas faces FRENTE, COSTAS, LATERAL DIREITA e LATERAL ESQUERDA. Recortaremos a caixa nessas linhas, de forma que, quando montarmos a caixa, teremos feito janelas que nos permitem olhar dentro e através da caixa.

Figura 4 — Linhas traçadas (esquerda) e caixa recortada (direita).

Vamos agora montar a caixa. Para dar sustentação a ela, sugerimos prender as bordas onde as tampas se encontram com um grampeador.

Figura 5 — Abas cortadas presas com um grampeador.

Para montarmos a constelação no interior da caixa, precisamos preparar os fios que prenderão as miçangas em seu interior. E para saber as posições em que esses fios passarão, vamos traçar algumas linhas que nos ajudarão.

Na face TOPO da caixa, traçaremos uma reta que chamaremos de LINHA DE REFERÊNCIA.

A linha de referência vai da face FRENTE para COSTAS bem no centro da face TOPO. Vamos medir a parte externa do TOPO conforme a Figura 6 e marcar a metade da medida encontrada, perto de onde o TOPO se encontra com a face FRENTE. Em seguida, fazemos o mesmo procedimento para a face COSTAS. Com as duas marcas feitas, traçamos uma reta que passe pelos dois pontos recém marcados desde a face FRENTE até a COSTAS. A linha que divide o TOPO igualmente em duas metades é a LINHA DE REFERÊNCIA.

Figura 6 — Preparação para marcação da LINHA DE REFERÊNCIA (esquerda) e LINHA DE REFERÊNCIA traçada no TOPO (direita)

O mesmo procedimento pode ser aplicado à face FUNDO, onde também precisamos de uma LINHA DE REFERÊNCIA. Essa linha será usada como referência para traçarmos as próximas duas linhas.

A LINHA DE DISTÂNCIA será paralela à LINHA DE REFERÊNCIA. Olhando para a face FRENTE da caixa, vamos marcar um ponto a 65 mm à esquerda da LINHA DE REFERÊNCIA onde o TOPO e FRENTE da caixa se unem. Ainda olhando para a face FRENTE, fazemos novo ponto à esquerda da LINHA DE REFERÊNCIA, a 65 mm de distância. Com uma régua, traçamos uma reta que passe pelos dois pontos recém marcados.

A mesma linha precisa ser feita no FUNDO da caixa. Repetimos o procedimento anterior, mas fazemos os dois pontos à direita da LINHA DE REFERÊNCIA enquanto estamos olhando para a FRENTE da caixa.

Ainda olhando para a FRENTE da caixa, marcaremos dois pontos nas linhas de REFERÊNCIA E DISTÂNCIA, à 60 mm de distância do local onde o TOPO e FRENTE da caixa se encontram. A mesma linha será traçada no FUNDO da caixa, à 60 mm de distância da FRENTE.

Como referência, vamos chamar o ponto onde as linhas de POSIÇÃO e DISTÂNCIA se encontram de PONTO ZERO.

Figura 7 — Detalhes do PONTO ZERO e das LINHA DE REFERÊNCIA, POSIÇÃO e DISTÂNCIA no TOPO da caixa.

Queremos criar uma réplica em miniatura da posição das estrelas do Cruzeiro do Sul no espaço sideral. As linhas que acabamos de traçar no TOPO e fundo da caixa nos permitem posicionar as miçangas nas distâncias que os cientistas já conhecem.

Vamos tratar, então, cada estrela como se tivesse um endereço; a primeira parte deste endereço é o nome. Por isso, chamaremos as estrelas por nomes fáceis de lembrar: A, B, C, D e E. Cientistas conhecem essas estrelas por nomes como beta crux; algumas pessoas conhecem essa mesma estrela por Mimosa.

Posicionar os fios que sustentarão nossas estrelas na caixa, agora, é fácil. Continuaremos a olhar a caixa pela face FRENTE.

Vejamos a tabela a seguir:

Começando pela estrela mais brilhante de nossa constelação (A), vamos marcar uma a uma a posição dos fios de sustentação de cada estrela.

Tomando a LINHA DE POSIÇÃO como zero, vamos usar a régua para marcar um ponto na LINHA DE DISTÂNCIA e outro na LINHA DE REFERÊNCIA. Esses pontos devem ficar, ambos, a 320 mm de distância da LINHA DE POSIÇÃO. Como estamos inventando nomes para as coisas, vamos chamar a essas distâncias de Y, como na tabela.

Pelos dois pontos que acabamos de marcar, traçamos uma reta de lado a lado da caixa. Em seguida, marcamos um ponto nesta reta, a partir da LINHA DE DISTÂNCIA em direção à LINHA DE REFERÊNCIA, a uma distância de 60 mm. Chamaremos essa medida de X e ao ponto, de A.

Na tabela já usamos esses nomes para as distâncias. Cada estrela tem suas próprias distâncias X e Y das linhas.

Repetiremos este procedimento para cada uma das estrelas da tabela, fazendo uma por vez. Por exemplo, para a estrela C, marcamos dois pontos (Y, na tabela) nas linhas de DISTÂNCIA e REFERÊNCIA a 90 mm da LINHA DE POSIÇÃO; traçamos uma reta, de lado a lado da caixa, passando pelos dois pontos e, em seguida, marcamos um ponto nessa reta (X, na tabela) a 75 mm da LINHA DE DISTÂNCIA, em direção à LINHA DE REFERÊNCIA. Chamaremos esse ponto de C. Faremos essa marcação para todas as estrelas.

Para fixar os fios, precisamos repetir as mesmas marcações no FUNDO da caixa.

Ao final das marcações, a face TOPO da nossa caixa deverá estar como na figura abaixo (8).

Figura 8 — Pontos A, B, C, D e E marcados no TOPO da caixa. Precisamos fazer as marcações no fundo também.

Pronto!, já temos como passar os fios para posicionarmos nossas estrelas na caixa.

Em cada um dos pontos feitos no TOPO e FUNDO da caixa, fazemos um furo usando um palito de dentes.

Pegamos os fios de nylon que estavam separados e prendemos em uma das pontas de cada um deles, um clipes ou palito de dentes.

Vamos passar cada um dos fios pelos buracos a partir do FUNDO da caixa. Consideremos, como exemplo, o fio que passará pelo ponto E. Primeiro passamos o fio pelo buraco referente ao ponto E no FUNDO da caixa, até que o fio trave por causa do palito de dentes. Agora passamos o fio pela miçanga uma vez e, em seguida, passamos o mesmo fio uma segunda vez por dentro da mesma miçanga.

A ponta ainda solta do fio passa agora, por dentro da caixa, através do TOPO. O fio deve ficar esticado, mas com cuidado para que não arrebente. Leve esse fio até a lateral da caixa e prenda-o lá com fita adesiva. (Dica: já deixe vários pedacinhos de fita cortados)

É importante que os fios fiquem bem presos na lateral da caixa.

Seguimos fazendo o mesmo procedimento para as outras estrelas até que tenhamos as cinco miçangas colocadas em linhas esticadas dentro da caixa.

Figura 9 — Visão lateral da caixa, com as miçangas já posicionadas nos fios que passam TOPO e FUNDO da caixa.

Neste momento, já temos uma caixa com 5 estrelas dentro. Só precisamos agora ajustar as distâncias que as miçangas ficam do FUNDO. Para fazer esse alinhamento, vamos usar essa nova tabela, mas com as distâncias partindo de um ponto zero de dentro da caixa, a partir do fundo. Chamaremos essas medidas de LINHAS DE ALTURA.

Figura 10 — Posicionando as estrelas nas LINHAS DE ALTURA. Note que o FUNDO da caixa está na parte inferior da imagem.

Está feito!

Coloque sua caixa de estrelas em um local que você consiga olhar através das janelas e dê 5 passos para trás. Mantenha o lado FRENTE voltado para você e veja se consegue identificar a constelação do Cruzeiro do Sul. Note que se você tentar ver o Cruzeiro do Sul pelas janelas laterais, você não consegue ver a cruz: é como se você estivesse viajando ao redor da constelação.

As estrelas no céu formam constelações diversas. Você pode brincar de mudar as miçangas de lugar, formando novas constelações!

A caixa também pode ser decorada, para ficar de enfeite no seu quarto!

Figura 11 — O Cruzeiro do Sul visto de frente dentro da caixa.

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Zine Voador

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